As autoridades que assumiram o país
após o golpe de 28 de junho aprofundaram seu isolamento
internacional ao impedir a entrada no país de vários membros da
Organização dos Estados Americanos (OEA), que iriam preparar uma
visita de chanceleres que tentam mediar a crise.
Um enviado da OEA disse à Reuters, no
entanto, que é possível que os chanceleres da organização visitem
Honduras na quarta ou na quinta-feira para tentar promover o diálogo
entre Zelaya e o governo de facto que o substituiu após o golpe.
As autoridades se preparavam para uma
nova onda de protestos emitindo um decreto presidencial que suspende
durante 45 dias o direito à liberdade de associação e de circulação,
além de facilitar prisões e o silenciamento de meios de comunicação.
Zelaya, que voltou na segunda-feira
passada em segredo e se refugiou na embaixada brasileira, convocou
seus partidários a uma "ofensiva final" nesta segunda-feira, quando
deve acontecer uma manifestação.
O governo de facto o acusa de incitar
a violência.
"Fazemos um chamado a todos os grupos
de manifestantes afinados ao senhor Zelaya para que deixem de lado
suas atitudes de provocação e acatem as presentes disposições",
disse um comunicado da Presidência lido em uma cadeia de rádio e
televisão.
O chanceler do governo de facto,
Carlos López, disse que o Brasil deve decidir se concede asilo a
Zelaya ou se o entrega à Justiça hondurenha para ser processado por
supostos crimes de traição e violação da Constituição.
"O título e o privilégio de o Brasil
ter uma missão em Honduras acaba em 10 dias", disse ele em
entrevista coletiva.
A partir daí a embaixada, onde Zelaya
está entrincheirado, perde sua imunidade diplomática, acrescentou
López, garantindo, no entanto, que o governo de facto não pensa em
tomá-la.
Por outro lado, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, disse que Zelaya é seu hóspede e que pode
ficar o tempo que quiser.
"O Brasil não tolerará um ultimato de
um governo golpista", disse Lula a jornalistas após participar da
Cúpula América do Sul-África, na Venezuela. "Se entrarem pela força,
estarão cometendo um ato que viola as normas internacionais",
acrescentou.
"Seria um erro terrível do governo de
facto, porque estaria se condenando ainda mais do que a condenação
internacional que já existe", disse Zelaya pouco depois do anúncio
de López.